sábado, 29 de dezembro de 2012

Ao Amigo Consumido Pelo Fogo


Foi-se embora o amigo que um dia riu de meus pecados,
Isolando-se do mundo que ainda hoje o venera.
Deixou sua marca em seus pupilos pregando belas utopias,
Mas um dia omitiu-se da vida, partindo atrás de outros sonhos.

Dificilmente se explica o porquê de admirá-lo,
Culpo minha ingenuidade por crer em ilusões funestas.
Escondi-me no abismo, mas ele jogou a corda,
E eu, incauto, segui a estrela que brilhava no céu azul de suas palavras.

Ao me ler nesses versos, estou certo que entenderá,
O quão precioso foi para a formação da minha consciência.
Mas não se preocupe: escrevo com o sangue que aos poucos elimino
Das minhas veias fustigadas, entulhadas por tolos sonhos.

Suas ideias hoje não servem, adquiri autonomia.
Entretanto dói-me ainda o peso da sua ausência.
Dizem que você mantém as esperanças que me encantaram,
Pois duvido que se mova para poder realizá-las.

Lembre-se dessas palavras depois de passar pela fogueira,
Depois de deixar a Terra, abandonar a juventude.
Não tema o tempo em seus cabelos que aos poucos se embranquecerão,
O tormento mais sofrido vem de sonhos jamais realizados.

Fernando Costa e Silva




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