quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Escada



O grande vazio que me toma,
Preencheu-me.
Tornou-se parte de mim.
Já não sei existir.

Em todo e qualquer devaneio.
Em todas as fúnebres recaídas.
Nos inúmeros clamores por tua presença.
Morro. São mortes cotidianas. Acostumei-me.

Adoeço sem notar.
Meus olhos tornaram-se fontes.
Durmo por três ou quatro dias inconsciente.
Eu me tornei o vazio.

Não sinto emoções.
Não me importo com o que ocorre.
Não vejo mais o que faço.
Tudo é um extenso vazio.

Até que reascende a chama. Memórias pousam.
Sinto-lhe em meu corpo. Coro.
Tento voltar ao vazio. É inútil.
Atiro-me da janela uma outra vez. Outra morte.

E eu me tornei o vazio.

João Gonçalves

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