sábado, 30 de março de 2013

Confusão



Meu Deus, onde estou indo?
(Apelar para Deus? Que grande infortúnio!).
Sustento um amor proibido, causa de dores terríveis,
Fonte de novos poemas, motivo de noites de insônia.

Conselhos chegam e dilaceram
Meus devaneios tolos, minha sincera vontade de amar.
Conselhos condenam meus atos,
E riem das palavras dirigidas à minha ilusão querida.

A cama insiste em ser grande,
Aliada à noite chuvosa, que me agride sendo tão fria.
E essa mulher, fatal imagem que teima em ser atraente,
Transmuta-se em castigo ao meu corpo.

Mas espere: a lucidez me ferroa;
Minha alma é livre; onde estão meus atalhos?
Em situações complicadas, considerarei os meus prazeres,
E dane-se minha tola esperança, tema absurdo de filme.
Fernando Costa e Silva






quarta-feira, 27 de março de 2013

Krig-ha, Bandolo!


Tão queimado, tão podre, tão mórbido.
                                                                       E caótico.
Tão lento, tão farto, tão maçante.
Estorvo ninharia que não deveria ser nada e teima em
                                              ser bem mais do que é ou foi.

Não sei se sou o que dizem.
Aberração tão explícita quanto.
O filho monstro que desiste dos sonhos.
O interiorano absurdo e distante, que num dia qualquer descobre
                                                               que seu amor da vida inteira é 
                                                               estrela da manhã.
O embriagado que vomita as próprias veias de ódio e tédio por
onde passa.
O da insensatez. Da poesia ruim.

Não vejo mal algum na solidão eminente.
Solidão benfazeja. Praticamente amante fiel.
E quando aqueles teus olhares que não me pertenciam eram
meus, eu vivia neste mundo.
Mundo do irreal. Da ilusão. Invenção.
Mundo dos versos embaraçados e sem rima, mundo das sobras e
feridas profundas, dos não-interesses, das suposições extorquidas, das falsas desculpas.

No fim, (que fim?), não houve.
Meus pulsos vão bem, obrigado.
Não sou tipo, crença, rito ou poeta sórdido.
Problema é o tempo, que teima em não passar.

João Gonçalves

quinta-feira, 21 de março de 2013

Apaixonado



Sufocado em meus suspiros,
Impaciente com a distância,
Aqui estou eu apaixonado,
Transbordante de alegria.

A toalha que te envolve
Esconde o mundo que eu desejo
E as curvas que ela ressalta
Desorientam meus caminhos.

Tuas palavras de amor intenso,
Enriquecem meus sentidos
E além de deslumbrar minha essência,
Inspiram meus devaneios.

Quero a suprema alegria
De perder-me outra vez em teus braços
E os beijos que te dou em meus sonhos
São a prova transcendente que amo,
E sou duplamente feliz por saber que sou amado.
Fernando Costa e Silva



quarta-feira, 20 de março de 2013

Melhor não



Estava eu sentado parado quieto
                      pensando em escrever as memórias obsoletas e reunidas da
                      juventude de um italiano conhecido chamado Giacomo Casanova.


Mas ai lembrei,
não tenho boa memória.

João Gonçalves 

segunda-feira, 18 de março de 2013

O Ressentido



Olho-me no espelho,
Procuro justificativas.
O erro não foi meu e
Mesmo assim padeço.
A culpa não é minha!

Pagarei com meu sangue o sofrimento
De quem diz me amar.
Entretanto, exercerei como vingança:
O calor que me alimenta é o remorso,
Não a gratidão.

Cortam-me profundamente esses versos,
Antes de ferirem quem desejo.
Estou só e confuso,
Cercado por aqueles
Que escolhem o certo para a minha vida.

Dane-se o carro do ano, a roupa da moda, a compra inútil.
Quero dizer não aos que me censuram.
Todavia, ainda que essa atitude torne-se assunto entre os anjos,
Pressinto a morte e o apagar das estrelas.
Saúdem quem teme seus próprios planos
E engole os pecados dos indivíduos mais fortes.

Fernando Costa e Silva

sábado, 16 de março de 2013

Poemito dengo lengo


Sinto por lhe dizer isso.
Podia, ao invés, recitar todos os “bons-dias” que conheço.
Todas as modinhas canções poemas estúpidos
Mas, não, sinto tua falta.
                                                   não a falta benfazeja que torna-se
                                                   necessária aos amantes.
É a falta dos teus “tchaus” indecentes de quando ia embora
Não gostava destes “tchaus”, mas sinto falta.
Como dos tapas mordidas beliscões chutes e pontapés
daquele amor mais insensato do mundo que eu vivi.
                                                                         Ou que não vivi.
Falta maldita dos teus passinhos rápidos à francesa.
Falta estapafúrdia daquele filme iraniano estranho que
                      jamais assistimos abraçados nos beijando
                                                                                 que prometeu.
Prometeu sempre vir. Sempre ser.
Não veio. Não é.

hoje vivo a sentir-te, como se de nada valesse.
nada vale tua falta.
ou equivale.

João Gonçalves

segunda-feira, 11 de março de 2013

Boletim Extraordinário



Ao ourives combalido que teve um dia agitado
Péssima notícia:
O diamante omitiu seu brilho,
Voltou a ser como era,
Tornou-se pedra esquecida.

Caros senhores, o desencantamento obtém a vitória,
Outra vez. Talvez deva ser assim sempre,
Para a vida do ourives, idólatra de possibilidades.
Desta vez a Lua, joia mais distante e preciosa,
Pareceu tão perto! Julgou vencida a saudade.

Zomba de si em seus versos,
O pobre ourives, que finge ser vítima,
Do amor que por suas mãos foi lapidado.
Desbravador atravessou o muro,
Ignorando o politicamente correto.

Ser amigo de quem se ama
É dolorido. O que fará de si o sujeito
Esperançoso e ingênuo,
Que não se conforma com o silêncio?

Que a pedra perdida ignore seus versos,
E se aconchegue em outros braços.
Essa orquídea, que guarda em si a beleza da chuva,
Fincará suas raízes aonde se encontra.
Pálida e pequena, quase sem vida,
Consumirá a si própria
E murchará de saudade.
Para onde, ourives, pedreiro das palavras,
Para onde vão as mágoas que merecem ser esquecidas?
Fernando Costa e Silva

sábado, 9 de março de 2013

Bilhete Premiado



Reconheço que o assunto não foi encerrado,
Pois vive em cada um de nós, dilacerando à sua maneira
O abrigo dos sentimentos.
Quem dera desligar minha mente,
Enquadrar o que passamos no esquecido,
Seguir.

Triste é a condição das almas
Que inundam-se umas às outras,
Após o choque de corações sinceros.
Grande é a dificuldade em separá-las.

Tenho medo de perder-te,
De superar-te em pouco tempo.
Luto contra tua tentativa de me esquecer,
E o motivo que me orienta é a possibilidade,
Pois seríamos tão felizes que mal nos sustentaríamos
Distantes, cada um de nós sobre as próprias pernas.
Tornar-se-ia minha coluna,
E eu teu alicerce.

Tens minhas palavras como diário deleite,
E eu te tenho por completo a cada sonho vivido.
Venha a mim com tuas histórias,
E eu te torno contadora dos tormentos que acarreto
Por estar longe de ti.

Entregue-se, bela dama,
Reduza-me ao espaço do infinito
E te levarei tão alto que alcançarás as estrelas.
Fernando Costa e Silva