À boca da morte,
seres estúpidos encontram-se
e conversam sobre coisas incompreensíveis.
As vozes mórbidas sufocam qualquer tentativa
(fértil)
impetuosa de luz e vida.
Horríveis fantasmas de carne e osso,
o feroz ranger de dentes escapam-lhe às palavras,
e sombras libertas antecipam os corpos.
Não precisam o calor, a podridão ou a curiosidade
das causas futuras.
Invariáveis impacientemente posicionados,
frente às dúvidas e pertinências de todas as eras,
devoram velozmente a ignóbil razão humana,
e destituem estes nefastos povos da infiel
esperança já perdida.
Estáticos lúgubres,
cospem sobre o sentimento do mundo,
e avacalham qualquer romance
ou poesia majestosamente composta.
- Psiu! Escutem,
o farfalhar desta filosofia alho-poró.
Queimem-se fogo morto, bestas.
Estarei aqui, à brincar fazer palavras.
João Gonçalves
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