quarta-feira, 5 de junho de 2013

Maldita e Urgente Primavera

A folha cai.
Folha que cai.
Esta prestes a cair.
Olhem! Esta caindo.
Objetivo é o chão.
Chão é objetivo.
Do chão não passará.
Chão é plenamente atingível.
Vento é obstáculo.
Para outros, incentivo.
Preparou-se para a queda.
Desde jovem, preparada.
Preparada teoricamente desde gérmen.
Pensou, insurgiu, aguardou.
Descobriu desculpas para cair.
Argumentou, construiu.
Combateu o pensamento tradicional,
impôs condições.
Tudo com um objetivo previamente delimitado.
Lembrou-se dos eventos memoráveis da vida,
das paixões, dos advertimentos,
dos soluços e alegrias momentâneas.
Da juventude desgastante,
do envelhecimento precoce.
De tudo, pois iria cair.
O fim se aproxima.
Está se aproximando.
Chegou.
Tomou-a.
Instantes finais de uma vida de altos e baixos.
Mais altos mais baixos.
Mas, sem sentido,
como qualquer folha.

Agora ao chão,
logo pó.

Do pó ao vento,
todas as esperanças bestiais se levantam
e carregam.
Levam-na.
Desfaz-se.
Agora é recomeço.



 João Gonçalves

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