quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Último dos Poemas Escuros



Uma vez mais me salva a razão
Dos meus sentimentos nunca compreendidos.
Se posta como a faca que separa dois corpos
E obtém a vitória por estar sempre certa.

Quem disse que devo lembrar-me de todos e
O que me define como um ser inocente?
Minha intenção pode ser boa e meu coração nobre,
Mas não proporciono alegria nem estou atento ao mundo.
Sinto inveja de heróis e por isso sou tolo,
Porém não sou pior que ninguém.
Mostre-me sua arte e talvez eu me preocupe.

Não figurará mais em meus sonhos, rara essência;
Louvarei os macacos que estão no centro do templo.
De que vale gastar belas palavras se sou mal interpretado?
Que o sangue continue a correr em mim:
Antes as veias que o ralo.

Vejo com maus olhos o lado escuro da vida.
Encaro a realidade com minha arma engatilhada.
Lá vem a noite assombrada dizer-me o que deve ser feito
Direi a ela que sou homem e prazer é o que importa.

Não se julgam atitudes de um reles patife,
Exilado na montanha em companhia de abutres.
Adeus, ficção sem fim, quero o caminho do nada,
Para acordar sem preocupar-me em fingir felicidade.
Fernando Costa e Silva













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