terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Independência ou Morte?


Lá se vai o barco que leva embora minha angústia,
Balançando sobre as ondas, prendendo o vento em velas içadas.
Lá se vai a minha amada solitária em seu martírio,
Sossegada em seu descanso e uma vez mais apaixonada.

Tenho plena liberdade, desataram as correntes,
Minha amada está perdida e as lembranças não me cercam.
Estou apto a viver do amor de outras damas.

Que me ajudem os poetas e expliquem meu estado.
Sinto-me perdido nos mais sinceros desejos.
Não tenho justificativa para o que quero
Nem álibi para os crimes que talvez tenha cometido.

Acostumado à sina redentora de pecados,
Brindo pelas festas que não fui.
O futuro é incerto: parece desperdício de vida
E a velhice vem antes das dores como uma miragem no deserto.
Enfim tornei-me adulto: devo viver no abandono.
Entrego minha alma ferida ao ranger da porta aberta.

Fernando Costa e Silva




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