Lá se vai o
barco que leva embora minha angústia,
Balançando sobre
as ondas, prendendo o vento em velas içadas.
Lá se vai a minha
amada solitária em seu martírio,
Sossegada em seu
descanso e uma vez mais apaixonada.
Tenho plena
liberdade, desataram as correntes,
Minha amada está
perdida e as lembranças não me cercam.
Estou apto a
viver do amor de outras damas.
Que me ajudem os
poetas e expliquem meu estado.
Sinto-me perdido
nos mais sinceros desejos.
Não tenho
justificativa para o que quero
Nem álibi para
os crimes que talvez tenha cometido.
Acostumado à
sina redentora de pecados,
Brindo pelas festas
que não fui.
O futuro é
incerto: parece desperdício de vida
E a velhice vem
antes das dores como uma miragem no deserto.
Enfim tornei-me
adulto: devo viver no abandono.
Entrego minha
alma ferida ao ranger da porta aberta.
Fernando Costa e Silva
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