Faça de mim o seu melhor momento.
O silêncio escabroso da hora precedente
a felicidade intranquila do resto,
do todo.
O todo meticulosamente desunido
que de tempos em tempos destona em
situação prolixa
e, decerto, odiosa.
Portanto, quero ser momento.
Momento, apenas.
Faça de mim o homem exorcizado.
Não peço que devore meus demônios
apenas que conviva com eles.
Se pedes, entre concatenações
(isso mesmo, concatenações)
a preciosidade dum sentimento “de céu”
certamente serás mais incerta
que qualquer apesar.
E por assim,
faça de mim o melhor apesar.
O todavia, no entanto, porquanto, ainda
assim.
Sou filho deste meu tempo
e por pouco foco impreciso
não atinjo esta destreza descabida
de correr solto o cerne, o âmago,
peito, poder, patifaria
do tanto amargo, fátuo,
mirífico jazigo dos seus sentimentos.
Faça de mim
o seu “assim será”.
João Gonçalves
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