Tão queimado, tão podre, tão mórbido.
E caótico.
Tão lento, tão farto, tão maçante.
Estorvo ninharia que não deveria ser
nada e teima em
ser bem mais do que é ou foi.
Não sei se sou o que dizem.
Aberração tão explícita quanto.
O filho monstro que desiste dos sonhos.
O interiorano absurdo e distante, que
num dia qualquer descobre
que seu amor da vida inteira é
estrela
da manhã.
O embriagado que vomita as próprias
veias de ódio e tédio por
onde passa.
O da insensatez. Da poesia ruim.
Não vejo mal algum na solidão eminente.
Solidão benfazeja. Praticamente amante
fiel.
E quando aqueles teus olhares que não
me pertenciam eram
meus, eu vivia neste mundo.
Mundo do irreal. Da ilusão. Invenção.
Mundo dos versos embaraçados e sem
rima, mundo das sobras e
feridas profundas, dos não-interesses, das
suposições extorquidas, das falsas desculpas.
No fim, (que fim?), não houve.
Meus pulsos vão bem, obrigado.
Não sou tipo, crença, rito ou poeta
sórdido.
Problema é o tempo, que teima em não
passar.
João Gonçalves
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