quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Mal dos Séculos



            O presente é infestado por tipos que, como as baratas, sobreviveram ao tempo, mas não deveriam. Os românticos estão ultrapassados, assim como os fundamentalistas religiosos e os positivistas. Entretanto, ainda que não tenham valor para o mundo atual e sua existência só prejudique o "progresso da humanidade", esses malditos insistem em permanecer aqui. Dos indesejáveis, o romântico é o pior: muito mais que declarar guerras santas, discriminar novas tendências, ou crer numa ciência pura feita por homens imparciais, esse desvairado sustenta ilusões e idolatra ideais efêmeros, no final denigrindo a si próprio. De todos os males é o mais dolorido, pois fanáticos lutaram desde sempre em prol daquilo que eles consideraram verdade, e os positivistas estabeleceram métodos que contribuíram para o destaque de certas áreas do conhecimento que antes eram consideradas marginais. Mas o romântico, esse parasita de ilusões, insiste em matar a si próprio, um pedaço de cada vez. O combate moral e o científico precisam ser encenados, e as pessoas que contribuem negativamente para a disseminação do respeito pelas diferenças, devem ser silenciadas. Entretanto, o que pode ser feito pelo romântico, ou melhor, o que o romântico precisa fazer para salvar a si mesmo? A meu ver, despertar seria um bom começo. Hoje o ser humano prolonga seu próprio bem estar através de remédios, religiões e livros de autoajuda.  O século XXI caracteriza-se pela fuga do sofrimento. Sendo assim, como sobreviver em um modo de vida que martiriza o próprio ser vivente? Para trás, Werther, volte ao túmulo que te pertence! Permaneça quieto em seu passado, Romeu! As novas tendências mostram que é desnecessário aventurar-se em situações amorosas complicadas, por isso, optar por elas não é o mais viável. A característica essencial da maturidade precisa ser a racionalização, pois, para além de suprir os próprios desejos do indivíduo, o sentimento deve atender a demandas pré-estabelecidas pela própria realidade.
Fernando Costa e Silva

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