sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Cacoete à Própria Ausência

O poeta está perdido.
Está sem óbvios caminhos
está desestruturado
familiarizado com qualquer tipo de infelicidade
infidelidade
e descaminho.
Está estilhaçado
sem ideias rentáveis.
Está num momento irrisório e irônico da vida.
Avacalhado
e desiludido.
O vento que lhe bate o rosto
não é o vento que apaga lembranças.
Lembranças que tornam-se versos torturantes
inconsistentes
e, diabos, decorados.

Tantos meandros
tantos pecados
insolúveis cigarros contaminados.


Não há nada pior nesta vida que ser poeta. 

João Gonçalves

Um comentário:

  1. "Não há nada pior nesta vida que ser poeta". Isso é fardo insuportável, agulhas entrando por todos os poros do corpo, cenas constantes de tortura passando em frente dos meus olhos. Mas deixe estar, louvável é o esforço irônico de rir da própria lamúria, oferecê-la à galhofa numa bandeja de palavras. Quero ouvir seu sofrimento na mesa de um bar, acompanhado de loiras geladas, pois a formalidade é desnecessária em se tratando de desabafos.

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