domingo, 11 de agosto de 2013

Poesia Em Jangada


É a politização da poesia. Derrubemos os muros que nos separam da realidade. Por meses, mantive as mais absurdas esperanças em meu coração, mas minha vida pouco mudou pela influência de meus versos vulgares. As jornadas de junho não possuíam nenhum ar romântico ou utópico. Vimos a luta concreta, a capacidade de transformação das coisas, sejam quais forem, sejam quais forem seus pretensiosos donos. Tendo esse contexto em mente, serei como a cheia do rio, e invadirei as casas da população miserável que trabalha e sofre, que peca e se arrepende, que sobrevive. O sentimentalismo piegas tornar-se-á força de combate, e a morte, presente nos mais melancólicos versos deste poeta, cederá seu espaço à luta pela liberdade.
A poesia será o palco de discussão das pautas. Aos companheiros que estiverem comigo nesta luta, dedicarei os meus versos. Hei de me expressar contra a opressão histórica que atravessa a humanidade, e me empenharei pela conscientização dos que passarem junto ao rio que atravesso. A partir de agora, minha poesia põe o teor escatológico de lado, deixando de crer em um fim de mundo que seria puro pessimismo. Neste momento, abrem-se as portas de novas possibilidades. Cantarei o fim deste mundo que é opressão, e abrirei os braços para uma sociedade igualitária.
Como disse Marx: “A vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a sua solução racional na práxis humana e no compreender desta práxis” (Teses sobre Feuerbach). É tempo de relembrar as crises do passado. É hora de transformar o presente.
A poesia social de Gullar vai ser revisitada. Me empenharei pelo popular, pela capacidade de transformação latente nas massas. Que meu esforço perdure e venha a ser significativo. Que a poesia me transforme e influencie o mundo que me rodeia.
Um último brinde aos poemas tristes que maculavam meu coração ingênuo! Saudações ao racional e prático que se manifesta agora! Deixo o romantismo de lado. Que venha o radicalismo. A luta por um amor proibido cederá lugar à luta classista. Abaixo à opressão de classes!

Fernando Costa e Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário