ou nas janelas, sobre as janelas.
Os móveis marrom-acácia envelhecidos
conjuntamente, justapostos de maneira desigual,
logo, não justapostos,
desiguais como as poesias soltas sobre a vertigem,
o rastro pueril da briga,
última briga,
últimos passos,
da guerra eterna dos relacionamentos sociais.
Macabros, sinistramente desejáveis,
absurdamente prazerosos,
idiotamente equivocados.
Na parede dos fundos, o vazio.
Vazio como esta solidão intrínseca, que agora reina.
A parede é minha vida,
e a solidão, gradativa.
Inexorável, inabalável, austera, rígida.
Solidão e sua necessidade cativa de versos.
No fim, não há a quem o poeta recorrer.
Poeta solitário, por sina,
poesia solitária,
solitárias palavras.
E ainda a foto carismática na estante manca.
Carismática de dar enjoo
ânsias de sentimento inacabado.
O hálito quente
a voz arrastada
o suor, o cansaço.
A angustia precedente
o sofrimento interminável
tudo num retrato.
Do resto, abandono.
Ferida entreaberta,
nesta cidade que cheira a pó
rancor
e inquietude sem fim.
A casa já não é mais casa,
o homem, reconstrução.
João Gonçalves
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