Os poetas dos fins dos tempos
Estão dispostos à matar por rima
E a morrer por causa inviolável.
Estão vomitando sua apreciação crítica
Sobre o homem moderno
E sua cabeça invisível.
Os poetas dos fins dos tempos
Estão cantando contra a estupidez das
esquinas
Das quinquilharias, dos amores
induzidos, das campanhas publicitárias.
Estúpida, esposa mãe de seus filhos
Pequenos seres estúpidos e indigestos
que propagam-se por entre os outros.
Os poetas dos fins dos tempos
Estão botando ponto
No fim de todas as frases.
Chega de alheamento
Fim às mentalidades majoritárias
Basta de tormentos à longo alcance.
Os poetas dos fins dos tempos
São os mesmos poetas dos fins dos
tempos
Que acordam cedo
Que vivem bêbados
Que botam fogo nos olhos.
Os poetas dos fins dos tempos
Ultrapassaram o fim dos tempos
E com seus riscos, anáforas e balas na
agulha
Sugerem com sua rude conduta
Que vocês, imediatamente, se matem.
João Gonçalves
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